sábado, 2 de janeiro de 2016

Ter água significa segurança hídrica e também segurança alimentar e nutricional

Porque a água da chuva armazenada serve igualmente para produzir alimentos e sementes.

Com o intuito de ampliar o estoque de água das famílias, comunidades rurais e populações tradicionais para dar conta das necessidades dos plantios e das criações animais, a ASA criou em 2007 o Programa Uma Terra e Duas Águas, o P1+2. O nome do programa faz jus à estrutura mínima que as famílias precisam para produzirem –
O espaço para plantio e criação animal, a terra, e a água para cultivar e manter a vida das plantas e dos animais. O P1+2 integra o Programa de Formação e Mobilização Social para a Convivência com o Semiárido, da ASA. Esse programa-guarda-chuva congrega também o Programa Um Milhão de Cisternas, o P1MC. 
Os objetivos do P1+2 são promover a soberania e a segurança alimentar e nutricional das famílias agricultoras e fomentar a geração de emprego e renda para as mesmas. A estratégia para alcançar esses objetivos é estimular a construção de processos participativos para o desenvolvimento rural do Semiárido brasileiro. CONTEXTO: Concentração da água e da terra:
Apesar do enorme potencial da natureza e do seu povo, o Semiárido é marcado por grandes desigualdades sociais. Historicamente, o governo investiu na construção de grandes obras hídricas como forma de solucionar o problema da falta de água na região.
Estima-se que o Nordeste abriga mais de 70 mil açudes, que acumulam 37 bilhões de m³ de água. Todo esse volume de água está concentrado em propriedades particulares e não é compartilhado com a população difusa do Semiárido.
A distribuição das terras também é extremamente desigual. Segundo o Censo Agropecuário 2006 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 84,4% do total de estabelecimentos rurais brasileiros são unidades da agricultura familiar, que ocupam apenas 24,3% do total de terras destinadas à produção agropecuária. 
Já as unidades NÃO familiares representam 15,6 % dos estabelecimentos rurais e detêm 75,7% das terras. A concentração também é mostrada comparando-se a área média dos estabelecimentos familiares (18,37 ha) com a dos não familiares (309,18 ha).
Um dado que dá a dimensão da importância da agricultura familiar no Brasil é que 70% dos alimentos que chegam à mesa da população são provenientes do trabalho de quatro milhões de famílias, das quais um pouco mais da metade vive no Semiárido.
Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional: Ter acesso a uma alimentação saudável, de qualidade e em quantidade suficiente é um direito de todos e todas. Isso é Segurança Alimentar e Nutricional. Já a soberania alimentar está associada à autonomia dos povos de decidir o que comer e como produzir, respeitando seus hábitos alimentares.  
Para garantir o Direito Humano à Alimentação é necessário ter como base práticas alimentares promotoras de saúde, que respeitem a diversidade cultural e que sejam social econômica e ambientalmente sustentáveis.
Nesse sentido, a ASA defende a produção agrícola de base agroecológica, que entre suas características está o cultivo livre de agrotóxicos. A ASA defende também o acesso à água, a terra e às sementes como condição fundamental para que as famílias do Semiárido brasileiro produzam alimentos que fazem parte de seu hábito alimentar.
Outras estratégias para a Soberania e a Segurança Alimentar e Nutricional na região são os bancos de sementes, as técnicas de produção e estocagem de alimentos para os animais, como os bancos de proteínas e a fenação, e sistemas produtivos como os quintais produtivos e a agrofloresta.
Fonte: http://www.asabrasil.org.br/

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