sábado, 30 de janeiro de 2016

Desafios dos partidos de esquerda em 2016

O desafio dos partidos de esquerda no Congresso em 2016, frente à agenda conservadora e à tentativa de golpe – além da defesa da democracia, do Estado de direito e da ética na condução da coisa pública.

Será preservar as conquistas e combinar um ajuste fiscal, sem corte de direitos, com a retomada do crescimento econômico, de modo a garantir o equilíbrio das contas públicas, e, principalmente, o desenvolvimento sustentável com inclusão social.

É preciso ter clareza, antes de tudo, que nos governos de coalizão as iniciativas governamentais resultam de disputa no seu interior, especialmente com as forças conservadoras, e, portanto, da correlação de forças internas.

 Logo, nem toda proposta patrocinada pelo governo coincide com o interesse da base social dos partidos progressistas que o integram, como uma eventual “nova” reforma da Previdência, ora em debate.
Nesse diapasão, os partidos de esquerda que fazem parte da coalizão têm a obrigação de disputar no interior do governo e no Parlamento posições programáticas e não sucumbir às pressões de mercado ou das forças conservadoras.

Foi assim que agiu recentemente a bancada do PT com sua proposta econômica e a decisão de votar no Conselho de Ética pela abertura de processo por quebra de decoro contra Eduardo Cunha.

Essencialmente devem saber distinguir entre as iniciativas que resultam da real manifestação de vontade do governante, e que estejam em sintonia com o programa sufragado nas urnas, e aquelas que são adotadas por imposição das circunstâncias e, muitas vezes, sem vínculo programático ou ideológico com a visão do governante.

Igualmente, é necessário que tenham clareza de que o moralismo justiceiro em voga está menos preocupado em fechar as brechas que deram origem a determinados desvios de conduta e mais interessado em encerrar um ciclo de poder que promoveu uma mudança de paradigma nas relações entre os setores público e privado.

 Os mesmos governos que são agora acossados por esse moralismo foram os que mais fundo agiram no rumo da transparência e do combate à corrupção, mediante mudanças nos marcos legais que deram às instituições, que antes eram tidas apenas como de governo, autonomia e instrumentos para atuar como instituições de Estado.

Também não devem ter nenhuma dúvida sobre a necessidade da defesa e da garantia do cumprimento do mandato da presidente da República, ameaçado por forças conservadoras e de oposição que não se conformam com o resultado das eleições.

Com as prioridades programáticas do governo nem tampouco com as mudanças que têm levado para a cadeia alguns intocáveis em gestões anteriores. (Antônio Augusto de Queiroz é jornalista, analista político e diretor de Documentação do Diap.

Nenhum comentário:

Postar um comentário