O resgate, a conservação e
a valorização das raças nativas de animais do semiárido brasileiro foi o grande
compromisso assumido por todas as organizações que estiveram presentes no
Seminário Raças Nativos na Agricultura Familiar Agroecológica, realizado nos
últimos 17, 18 e 19 de novembro, no Santuário Padre Ibiapina, município de
Arara (PB).
O evento foi promovido
pelo Núcleo de Extensão Rural Agroecológica (Nera), da Universidade Estadual da
Paraíba (UEPB), em parceira com o Instituto de Assessoria a Cidadania e ao
Desenvolvimento Local Sustentável (IDS) e as organizações da Articulação do Semiárido
Paraibano, como:
o Coletivo das
Organizações da Agricultura Familiar do Cariri, Seridó e Curimataú, o Patac, o
Pólo Sindical da Borborema, a AS-PTA e o Coletivo ASA Cariri Oriental (Casaco).
O seminário teve como
objetivos aprofundar a reflexão sobre a importância das raças nativas na
agricultura familiar de base agroecológica para a convivência com o Semiárido;
analisar a influência das especializações e suas ameaças ao sistema de criação
animal agroecológico.
E refletir sobre o papel
das políticas públicas governamentais voltadas para a criação animal; e
identificar desafios e perspectivas no sentido de fortalecer o resgate das
raças nativas para as famílias agricultoras e de áreas de reforma agrária.
Para o debate dessas
questões contou também com a participação da Red Conbiand, uma articulação
ibero-americana que reúne pesquisadores de cerca de vinte países que estudam
raças nativas e adaptadas para o desenvolvimento sustentável.
Dois pesquisadores da Red
estão presentes no encontro, Maria Esperanza Camacho, pesquisadora do Instituto
Andaluz de Investigación y Formación Agraria y Pesquera, juntamente com Juan
Vicent Delgado Bermejo, pesquisador da Universidad de Córdoba.
Quatro experiências de
agricultores guardiões de raças nativas de animais foram apresentadas no
primeiro dia do evento e alimentaram o debate e as decisões assumidas como
compromissos e definições para encaminhamentos .
Edivan, do Coletivo
Regional, mostrou a sua experiência na criação de caprinos em fundo de pasto.
Uma estratégia que consiste na ausência de cercas entre as propriedades
vizinhas, possibilitando uma maior área para a pastagem para os animais de
todas as famílias da comunidade. Dona Maria apresentou as
suas aves nativas e o seu conhecimento sobre o tratamento fitoterápico de
perus, galinhas, patos, gansos e guinés.
Seu Arunda compartilhou a sua história na
preservação das abelhas nativas do semiárido, tais como a “mosca branca” e a
“abelha mosquito”. O casal Luizinha e Zé Paulo apresentou os porcos da raça
local “casco de burro”. Durante o evento, esses agricultores e agricultoras
receberam certificados de guardiões e guardiãs de raças nativas.
Ao final do evento, as
cerca de 80 pessoas participantes das diversas entidades citadas afirmaram: que
o seminário contribuiu para uma maior apropriação de conhecimentos para
conservação das raças, que melhorou a força e animação para lutar por políticas
públicas adequadas a valorização das raças nativas.
Outra afirmação construída
neste espaço de debate e troca de conhecimentos, foi a de que são as famílias
agricultoras as guardiãs das raças nativas. No último dia do
Seminário, também foram pontuados os desafios e as propostas para sua
superação, que segundo Maria da Gloria da ASA-PB.
E devem ser “construídas
juntamente com as famílias agricultoras, por meio da partilha dos conhecimentos
acumulados pela trajetória de camponesas e camponesas que produzem alimentos e
cultura no semiárido, onde a vida pulsa”, afirmou.
Assim, é por meio dos
intercâmbios, do fortalecimento do GT de criação da ASA-PB, da pesquisa
participante e das políticas adaptadas à realidade que se pretende superar os
desafios de encontrar, conservar, manejar de forma sustentável e dar
visibilidade à biodiversidade animal presente no Semiárido paraibano e brasileiro.
Fonte: http://www.asabrasil.org.br/
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