terça-feira, 20 de outubro de 2015

Semiárido que Alimenta, gerando vida e cultivando o futuro

Com 18,2% do território nacional o Semiárido brasileiro é o mais chuvoso do planeta, porém as chuvas são irregulares no tempo e no espaço, por isso quem vive na região tem na cultura do estoque uma das principais estratégias de convivência com o Semiárido para a garantia da segurança hídrica e alimentar.

Com a possibilidade de guardar a água da chuva para continuar produzindo na época da escassez agricultores e agricultoras aumentaram a capacidade de garantir sua soberania e segurança alimentar. Agricultores e agricultoras familiares estocam água, sementes e alimento, cultivam, semeiam e colhem de forma agroecológica e potencializam a região como uma grande produtora de alimentos saudáveis no Brasil.

Para Valquíria Lima, coordenadora executiva da ASA pelo estado de Minas Gerias, “cultura de estoque é a base da convivência com o Semiárido, é a partir da compreensão e implementação da mesma pelas famílias camponeses que nasce e se consolida a convivência. A necessidade de estocar:

água, alimentos, saberes, sabores, sementes e forragens, possibilita que as famílias possam garantir sua soberania alimentar, sua dignidade e liberdade e a conquista da permanência da vida em seu território convivendo harmonicamente com o seu bioma. ”.

Nos últimos 15 anos, milhares de famílias da região Semiárida conquistaram o acesso à água de beber e de produzir através de tecnologias sociais de captação de água da chuva, muitas implementadas pela ASA como resultado da mobilização social e da consolidação de importantes políticas públicas garantidas pelo Estado.

Para continuar no avanço dessas políticas é preciso que as ações da sociedade civil no campo da convivência com o Semiárido, acesso à água e da agroecologia continuem tendo apoio. Mesmo nos últimos cinco anos de forte seca na região.

Muitas famílias conseguiram manter uma produção de alimentos para o consumo e comercializar o excedente em feiras e através de programas como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).

Essas informações contribuem para desmistificar a ideia do agronegócio como grande produtor de alimentos. Ao contrário é da agricultura familiar que vem 70% dos alimentos consumidos pela população, garantindo além de quantidade diversidade. A metade dos estabelecimentos da agricultura familiar no Brasil está no Semiárido o que também confere à região um grande potencial na produção de alimentos saudáveis.

Gerando vidas, cultivando o futuro - Com o objetivo de dar visibilidade a estratégia de estoque e outras estratégias de convivência com o Semiárido para produção de alimentos saudáveis, a Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) lança, no mês de outubro, a Campanha “Semiárido que Alimenta, gerando vida e cultivando o futuro”. A campanha será veiculada nas redes sociais da Articulação por um período de três meses.

“O Semiárido gera vida constantemente” e alimenta o futuro porque tem na saberia dos seus povos, alimentado em suas práticas de convivência diária, com apoio, investimentos e tecnologias apropriadas se tornado a grande região brasileira produtora de alimentos saudáveis. Alimentos que fazem bem para quem plantam, para que consome e para o meio ambiente onde é cultivado.

Assim, essa campanha, é mais um passo de diálogo com a sociedade brasileira, de visibilidade as ações e práticas transformadoras e geradoras de vida que os povos do semiárido ao longo dos anos através das lutas e residência implementação em seus territórios. ”, afirma Valquíria Lima.

Além de conhecer mais sobre o tema, a população poderá contribuir com a doação de recursos que serão investidos em ações de convivência apoiadas pela rede. Essa ação tem como objetivo captar recursos para apoiar ações de convivência.

A ideia da Campanha é comunicar a sociedade brasileira que a agricultura familiar de base agroecológica gera alimentos adequados e saudáveis, que trazem benefícios para a saúde e o meio ambiente, além de gerar renda através de relações sociais justas.

Além dos temas da agroecologia e acesso à água, a ação também vai trabalhar nas redes sociais temas como segurança alimentar e nutricional, reforma agrária, acesso à terra, mulheres, sementes e políticas públicas.

Fonte: www.asabrasil.org.br

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