O
Brasil vive um paradoxo, após treze anos de governos populares e progressistas
no governo central do país, o sufrágio universal consagrou nas urnas o
congresso mais conservador desde 1964, podendo, dada as devidas ponderações, o
título de um dos piores da história republicana brasileira.
Esse
fato é derivado do acumulo de forças dos campos ideológicos que disputam o
projeto de nação brasileira, facilitado pelo sistema político adotado por nós,
um tanto quanto confuso e que facilita esse tipo de anomalia, onde o executivo
e o legislativo são eleitos separadamente e a correlação de forças no
congresso, não é necessariamente a mesma do executivo.
Ainda
tem um fato que se sobressai e eu fico com a impressão de ser um fator
preponderante que contribui para essa situação. Existe uma crescente
despolitização no Brasil, setores da grande mídia, jogam todos os políticos na
mesma vala comum, todos os políticos são ladrões, o governo não funciona e
existe apenas para sugar impostos do povo de bem, trabalhador, não é difícil
escutar de pessoas mais humildes até as mais “esclarecidas” que “se chegassem
lá, também roubariam”, afinal todo mundo rouba!
Com
esse discurso que se perpetualiza, o tal de “rouba, mas faz”, abrindo margem
para se personificar os indivíduos que estão na representação em especial
parlamentar, que agem segundo os interesses mais escusos que podem existir,
transformando nosso congresso nacional em um verdadeiro balcão de negócios,
esse é o chamado lobby, uma das principais fontes de corrupção no país.
Essa
opção de setores brasileiros de afastar o seu João a dona Maria, o menino José
e a jovem Mariana é uma opção clara de mais e mais empobrecer o debate político
nacional, no período eleitoral aqueles candidatos que se preocupam em defender
ideias.
Não
oferecer vantagens materiais aos eleitores são vistos como os Et’s, coisa
típica da esquerda sonhadora, e quanto mais isso acontece, menos mudanças
significativas ocorrem na estrutura do Estado, sendo esse ainda elitista e
atrasado, mesmo o Brasil tendo o seu maior período de democracia ininterrupta,
ainda resta muito o que se avançar.
Reequilibrar
essa balança é necessário e urgente, porém é uma situação das mais complexas,
construir uma nova hegemonia na sociedade é algo que requer determinação,
vontade política e tempo. Este último junto com o segundo me parece o mais
difícil.
A
proibição ao financiamento privado me parece um bom começo para dar uma
depurada ainda que superficial no legislativo brasileiro, mas é necessário uma
virada de postura em relação a mídia e a mobilização social. Não basta encarar
essa mobilização apenas do ponto de vista “adesista” é sobretudo necessário que
ela seja propositiva e transformadora. Por
Mú Adriano
Fonte:
ujs.org.br
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