Sara
Brito - Centro Sabiá; Cisterna
em escola na comunidade Sítio Japecanga, em Caruaru, Agreste pernambucano /
Foto: Alex Carvalho - Acervo Centro Sabiá
Em 2015
será retomado o projeto Cisterna nas Escolas em 255 municípios do Semiárido
brasileiro. Realizado pela Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), com o apoio
do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), o projeto
beneficiará 2.500 escolas até o final do ano. A meta é a construção de 5 mil
tecnologias até 2016.
Para a execução dessa primeira etapa 30 organizações foram selecionadas, entre elas o Centro Sabiá. Conversamos com Rafael Neves, coordenador do projeto pela ASA. Confira abaixo a entrevista! Canto do Sabiá: Qual a relação do projeto Cisterna nas Escolas com outros projetos da ASA, como o P1+2 (Programa Uma Terra Duas Águas) e o P1MC (Programa Um Milhão de Cisternas)?
Rafael Neves: O projeto Cisternas nas Escolas faz parte
do Programa de Formação e Mobilização Social para o Semiárido, da ASA, e segue
a metodologia e componentes dos demais Programas da Articulação. Em certa
medida se aproxima do P1MC na perspectiva de que prioriza a água para consumo
humano, mais abre um potencial, como os dois Programas; a possibilidade de ter
a água como elemento catalisador de debates e reflexões.
CS: Como é a situação do abastecimento de água nas escolas do Semiárido?RN: Segundo dados do Ministério da Educação (MEC) mais de 10.000 escolas da região Semiárida não têm acesso à água seja por não serem ligadas a rede de abastecimento, ou não terem acesso a outro tipo de fonte. CS: O projeto traz concretamente para um ambiente de construção do conhecimento a dimensão da convivência com o Semiárido. Como isso será tratado efetivamente durante o projeto?
RN: Antes de mais nada, o objetivo principal é possibilitar a estocagem de água nas escolas, para garantir a manutenção das aulas nos períodos de estiagem. Todavia, há o componente capacitação, onde funcionários das escolas e professores participarão de cursos de gerenciamento hídrico e de oficinas de Educação Contextualizada.
A ideia
é estimular os profissionais das escolas a trabalharem o conhecimento a partir
da realidade que vivem os alunos, valorizando essa realidade, e construindo o
conhecimento com aquilo que já se conhece, sendo desafiado pela realidade onde
estão inseridos. CS: Qual a importância de um projeto
como este na vida dos meninos e meninas do Semiárido?
RN: Essas escolas não conseguem garantir 200 dias de aula no ano letivo, o que leva ao atraso do desenvolvimento educacional das crianças da região. Muitas dessas crianças têm a responsabilidade, em suas casas, de buscarem água em cacimbas e açudes, por vezes distantes de suas casas. Esse é um ganho real na vida das crianças.
Se
conseguirmos em algumas escolas provocar processos educativos mais adequados à
realidade das crianças, também contribuiremos com a autoestima dos alunos que
vivenciarão uma ação pedagógica que valoriza os saberes de seus pais e seus
descendentes, que construíram estratégias de convivência com a região e que
garantiram a reprodução social da população sertaneja.
Fonte: http://www.asabrasil.org.br/