sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Agricultores do Agreste Paraibano conhecem experiências de convivência com o Semiárido em Apodi-RN

Centrac; Apodi – RN; Grupo conheceu experiências no Rio Grande do Norte

No dia 14 de outubro, 40 agricultores e agricultoras dos municípios paraibanos de Aroeiras, Itabaiana e Mogeiro participaram de uma visita de intercâmbio em Apodi, no Alto Sertão do Rio Grande do Norte. O intercâmbio tem o objetivo de incentivar a troca de experiências entres os agricultores e agricultoras, valorizando o saber popular e fortalecendo assim a convivência com o Semiárido.

 A atividade faz parte do processo de formação do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2) que viabiliza implementações para captação de água da chuva voltadas para a produção de alimentos e a criação de animais em todo o Semiárido Brasileiro.

Durante a manhã, os agricultores/as visitaram o Assentamento Moacir Muniz, localizado em Apodi, onde conheceram experiências de manejo da caatinga, produção de mel e luta pela terra. O Assentamento tem uma área aproximada de 6.000 hectares onde vivem 22 famílias, em um total de 144 pessoas, organizadas em grupos de jovens e grupos de mulheres, entre outros. 
 José de Holanda, presidente do Assentamento, recebeu o grupo de agricultores/as dando as boas-vindas: “É um prazer receber vocês.

Estamos tentando conviver com o Semiárido, é uma luta grande. Há 17 anos que batalhamos por está terra, por água, energia elétrica. Nós descobrimos que tínhamos potencial fazendo intercâmbio, assim como vocês estão fazendo hoje”, comentou. Seu José de Holanda contou como foi a luta pela posse da terra que conquistaram em 1998 com ajuda de parceiros como sindicato rural, Comissão Pastoral da Terra e outros.

Segundo ele, os assentados foram se organizando e aprendendo a conviver em uma região seca: “com as experiências descobrimos que temos potencial, estamos com quatro anos de seca, mesmo assim estamos resistindo. Antes tínhamos que pedir para comer e hoje nos assentados não passamos mais por estas dificuldades” ressalta.

Durante a visita ao Assentamento, os agricultores e agricultoras puderam ver como é o manejo da caatinga a exemplo do plantio consorciado que consiste em plantar duas culturas em uma mesma área. A rotatividade de culturas foi outra experiência vista onde os assentados costumam diversificar o plantio não plantando a mesma cultura no mesmo terreno por vários anos seguidos.

 Segundo eles, não fazendo isto a terra fica fraca de nutrientes e as pragas resistem mais. Outro ponto visto foi o rebaixamento da vegetação que consistem em podar as árvores em uma altura que os animais possam comer as folhagens.

Está prática além de alimentar os animais faz com que a plantas se desenvolva mais e “é uma forma de eliminar o efeito sanfona, “engorda-emagrace”, pois quando chove tem ração para os animais e no período seco se não fizermos isto o animais ficam abatidos” ressalta João Holanda.

Além destas práticas, os agricultores também conheceram as práticas do raleamento e do ilheramento e a construção de silos para armazenamento de forragem. Ainda no Assentamento os agricultores visitaram a construção da casa do mel. A produção apícula é muito forte no assentamento, todo o mel recolhido é vendido para cooperativas da região.

Na parte da tarde os agricultores/as visitaram a Cooperativa Potiguar de Apicultura de Desenvolvimento Rural Sustentável (COOAPAPI), que é formada por agricultores e produz mel, castanha, hortaliças, algodão.

Os visitantes conheceram as formas de organização da cooperativa. Segundo o presidente Marcos de Souza, a cooperativa além de comercializar os produtos, também disponibiliza o espaço da Estação Digital para os cooperados, que atualmente são cerca de 300.

Outra cooperativa visitada foi a de beneficiamento da castanha do caju, a Cooperativa Central da Agricultura Familiar do Rio Grande do Norte (COOAFARN), formada por um grupo de jovens. Os agricultores conheceram passo a passo o processo de beneficiamento desde a seleção até embalagem da castanha.

O intercâmbio foi finalizado com um momento de avaliação, José Wellington, membro da Comissão Pastoral da Terra (CPT) destacou a importância da visita a Apodi:

“nesta região as experiências de agricultura familiar servem como exemplo para todo o Brasil, primeiro porque prezam pela coletividade e segundo porque criaram um mercado aqui em Apodi para estes produtos”, ressalta. Os agricultores foram provocados com as seguintes questões: o que nos chamou a atenção? O que temos em comum? O que vamos levar pra nossa região?

A agricultora Simone de Menezes, do município de Aroeiras, ressaltou que o que temos de comum é a luta pela convivência, a força de vontade, já o agricultor seu Manoel Antonio de Itabaiana comentou que o que lhe chamou a atenção foi à resistência, pois mesmo sendo uma região tão seca.

Os agricultores de Apodi souberam reaproveitar o que se tem e se organizar buscando alternativas para viver melhor. O agricultor Crizante Muniz de Itabaiana, afirmou que ficou surpreso com o bom uso que eles fazem da terra “este intercâmbio foi uma lição de sabedoria para nós de como lidar com a seca e tirar o fruto da terra, vamos levar estas experiências e adaptar a nossa região”, finalizou.

Fonte: http://www.asabrasil.org.br/

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