quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Acesso à água de produção melhora a qualidade de vida das famílias agricultoras do Agreste Paraibano

Centrac; Seu Raminho Mendes e a esposa dele ao lado da cisterna de placas

As famílias agricultoras do Agreste Paraibano estão mudando a sua maneira de produzir e investindo em uma plantação mais diversificada, favorecendo a sua segurança alimentar.

Neste território, até o início do ano que vem, 450 famílias passarão a ter acesso à um reservatório de água voltado à produção de alimentos e à criação de animais. O agricultor Severino Mendes, conhecido como Raminho, é um destes exemplos.

Ele vive com a esposa no Sítio Ladeira do Chico, no município de Aroeiras-PB. Raminho Mendes divide com um irmão Paulinho Mendes a propriedade de 1,5 hectares. No local eles criam galinhas e produzem as hortaliças coentro, alface, couve, cebolinha, pimentão, pimenta; roçados de quiabo, maxixe, milho alho, fava lavandeira, orelha de vó, boca de moça e mulatinha, feijão carioca, preto e macassa.

Raminho tem um banco de sementes familiar e é guardião da fava lavandeira. Ele conta que desde os seus antepassados vem conservando essa e outras variedades, sempre guardando e multiplicando, distribuindo com os vizinhos. “Outra cultura que nós resgatamos aqui foi a do gergelim, que tinha quase desaparecido e nós voltamos a plantar”.

O agricultor já tinha a sua cisterna de beber e cozinhar, este ano conquistou a cisterna de produção, do tipo calçadão do Programa Uma Terra e Duas Água (P1+2) e agora planeja ampliar e diversificar ainda mais os plantios, com foco na alimentação: “O que a gente produz é para o consumo da família mesmo, mas se tiver uma produção boa, nos vamos vender, sim”, explica o agricultor.

Outro exemplo é o da agricultora Maria das Graças Souza da Silva, do Sítio Bernardo, também em Aroeiras, que teve a sua vida transformada com a possibilidade do acesso à água perto de casa.

Antes de conquistar a sua cisterna enxurrada do P1+2, a agricultora sofria tendo que buscar água em um rio a quase duas horas de distância de sua casa, pois o barreiro da propriedade de nove hectares secava no verão, só passando oito meses com água.

“Minha cisterna está quase cheia, então melhorou muito pra mim, só em saber que tem a água ali, sem precisar andar o que andava, sair atrás de água nas cacimbas, é um alivio”, conta.

Maria das Graças hoje planta feijão preto, fava lavandeira, milho, palma doce e redonda. Com a água de produção iniciou o plantio das hortaliças couve e cebolinha e as medicinais louro, erva cidreira, hortelã babosa, hortelã da Bahia e as frutas, maracujá, umbu cajá, caju, graviola, pitanga e laranja, estas três últimas foram mudas que ela trouxe de uma visita de intercâmbio no município de Massaranduba.

A expectativa de Maria das Graças é a de poder ampliar a sua produção e deixar de comprar fora alimentos que antes não podia produzir pela pouca disponibilidade de água. “Não vou ter mais aquela preocupação de comprar água sem poder, aqui um caminhão pipa custa 200,00 e só dura oito dias”, explica a agricultora.

Madalena Medeiros, coordenadora do P1+2 na região, ressalta a importância estratégica e a contribuição da agricultura familiar para a garantia da segurança alimentar no território: “A agricultura familiar e de pequena escala está vinculada à segurança alimentar, pois esse tipo de agricultura preserva os alimentos tradicionais.

Além de contribuir para uma alimentação balanceada, para a proteção da agrobiodiversidade e para o uso sustentável dos recursos naturais. “Outro aspecto é a possibilidade de impulsionar os mercados locais”.

O P1+2 é desenvolvido no território do Agreste Paraibano nos municípios de Aroeiras, Mogeiro e Itabaiana, através da parceria entre o Centro de Ação Cultural – CENTRAC e a Comissão Pastoral da Terra que assessoram o Fórum de Lideranças do Agreste – FOLIA, dinâmica territorial que reúne os agricultores e as agricultoras da região.

O FOLIA integra a Articulação do Semiárido Paraibano (ASA Paraíba) e desenvolve um trabalho de formação para o fortalecimento da convivência com o semiárido em bases agroecológicas. Os recursos do P1+2 nesta ação são da Fundação Banco do Brasil.

Ano da Agricultura Familiar - A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura celebra anualmente o Dia Mundial da Alimentação no dia 16 de outubro, data na qual a Organização foi fundada. O Dia Mundial da Alimentação visa promover a conscientização sobre o problema da fome no mundo, bem como estimular a cooperação entre os países e a participação da população rural na tomada de decisões.

No contexto do Ano Internacional da Agricultura Familiar 2014, o tema do Dia Mundial da Alimentação este ano é Agricultura Familiar: “Alimentar o mundo, cuidar da terra”. O objetivo é pôr em evidência a agricultura familiar e os pequenos agricultores e sua significativa contribuição para erradicar a fome, garantir a segurança alimentar e proteger o meio ambiente.

Fonte: http://www.asabrasil.org.br/

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