Editorial do jornal Brasil de Fato
As vaias que a presidenta
Dilma Rousseff recebeu na abertura da Copa, em 12 de junho, na presença de
inúmeros chefes de Estados e transmitidas pelas redes de televisão ao mundo
todo, revelam aspectos do que temos em nosso país.
Vaiar autoridades em
eventos que reúnem multidões – de futebol ou de shows musicais – não é nenhuma
novidade em nosso país ou em qualquer outro lugar do planeta. No entanto,há
singularidades nos xingamentos que atingiram a mulher, a mãe e avó que, por
decisão da maioria da população brasileira, ocupa atualmente o cargo de
presidenta da República e, nessa condição, assistia a partida de futebol.
A mídia noticiou que a vaia – ou melhor, o xingamento – começou na área VIP do estádio e, precisamente, com uma colunista social do jornal O Estado de S. Paulo, presente no camarote do Banco Itaú.O coro do “Ei Dilma, vá tomar no c...” foi promovido pela elite branca,na certeira definição do ex-governador Cláudio Lembo, presente e representada no estádio. Uma elite endinheirada,que se regozija com férias em Miami e no parque Walt Disney.
Rica, mas desprovida de educação,civilidade e, mais ainda, de valores democráticos. Não se dão conta de que os tablets que portam retratamos senhores-de-engenho, dos quatro séculos de trabalho escravo em nosso país.O tucano Aécio Neves e Eduardo Campos (PSB), que sonham em eleger-se para o cargo ocupado hoje pela Dilma, trataram de tirar proveito político e eleitoral do ato vergonhoso, dizendo que a presidenta estava sitiada e aquele era um sentimento generalizado no país.
A mídia noticiou que a vaia – ou melhor, o xingamento – começou na área VIP do estádio e, precisamente, com uma colunista social do jornal O Estado de S. Paulo, presente no camarote do Banco Itaú.O coro do “Ei Dilma, vá tomar no c...” foi promovido pela elite branca,na certeira definição do ex-governador Cláudio Lembo, presente e representada no estádio. Uma elite endinheirada,que se regozija com férias em Miami e no parque Walt Disney.
Rica, mas desprovida de educação,civilidade e, mais ainda, de valores democráticos. Não se dão conta de que os tablets que portam retratamos senhores-de-engenho, dos quatro séculos de trabalho escravo em nosso país.O tucano Aécio Neves e Eduardo Campos (PSB), que sonham em eleger-se para o cargo ocupado hoje pela Dilma, trataram de tirar proveito político e eleitoral do ato vergonhoso, dizendo que a presidenta estava sitiada e aquele era um sentimento generalizado no país.
O jornalista Juca Kfouri, um dos primeiros a
condenar os xingamentos, foi ouvir os voluntários e trabalhadores presentes no
estádio, e estes se somaram aos que criticaram as vaias.Assim, talvez Aécio
Neves esteja certo quando diz que a presidenta está sitiada e só pode aparecer
em público bem protegida. Para ele, o povo brasileiro se resume à elite
endinheirada.
E certamente FHC não está protegido quando sai a público... Na Academia Brasileira de Letras e nas convenções do PSDB. O candidato tucano disse ainda que “Dilma colheu o que plantou”. Foi lembrado pelo jornalista Renato Rovai que, em 2007 num jogo entre Brasil e Argentina, o mineirão lotado gritou: “ôôô Maradona, vai se f... o Aécio cheira mais que você!”.
E certamente FHC não está protegido quando sai a público... Na Academia Brasileira de Letras e nas convenções do PSDB. O candidato tucano disse ainda que “Dilma colheu o que plantou”. Foi lembrado pelo jornalista Renato Rovai que, em 2007 num jogo entre Brasil e Argentina, o mineirão lotado gritou: “ôôô Maradona, vai se f... o Aécio cheira mais que você!”.
E agora Aécio? Mas, talvez
nada seja mais emblemático do que o berço daqueles xingamentos raivosos. Tendo começado
por uma colunista social do Estadão, convidada especial do Banco Itaú para
assistir a partida no seu camarote,é a síntese de dois principais protagonistas
das bandeiras conservadoras e neoliberais da política brasileira:a mídia e o
sistema financeiro.
Ambos são privilegiadíssimos com as políticas do Estado, inclusive nos governos petistas, primeiro com Lula e agora com Dilma. Privilégios fiscais e verbas publicitárias, do governo e empresas estatais, enriquecem meia dúzia do núcleo duro da elite branca, que monopolizam a informação e nos devolvem um jornalismo que mente, omite, desinforma e confunde a opinião pública. Um jornalismo que não consegue distinguir o técnico da seleção brasileira de um sósia seu, como fez nessa semana que passou a Folha de S. Paulo e o O Globo.
Os bancos superam seus lucros estratosféricos a cada ano, num ranking não raramente liderado pelo Banco Itaú. Nele abrigam-se personagens importantes do catastrófico governo FHC, como o ex-ministro da Fazenda Pedro Malan.
Ambos são privilegiadíssimos com as políticas do Estado, inclusive nos governos petistas, primeiro com Lula e agora com Dilma. Privilégios fiscais e verbas publicitárias, do governo e empresas estatais, enriquecem meia dúzia do núcleo duro da elite branca, que monopolizam a informação e nos devolvem um jornalismo que mente, omite, desinforma e confunde a opinião pública. Um jornalismo que não consegue distinguir o técnico da seleção brasileira de um sósia seu, como fez nessa semana que passou a Folha de S. Paulo e o O Globo.
Os bancos superam seus lucros estratosféricos a cada ano, num ranking não raramente liderado pelo Banco Itaú. Nele abrigam-se personagens importantes do catastrófico governo FHC, como o ex-ministro da Fazenda Pedro Malan.
Insaciáveis nos lucros, em
políticas que enriquecemos já ricos, sonham voltar ao governo para continuar a
obra que está tão bem retratada nos livros A PrivatariaTucana, O Príncipe da
Privataria e Operação Banqueiro, dos autores, respectivamente, Amaury Ribeiro Jr.,
Palmério Dória e Rubens Valete.
Os xingamentos raivosos vociferados pela colunista social, ávida por agradar seu patrão, o Estadão, e seu anfitrião, Banco Itaú, mostram que a elite branca não admite quaisquer políticas públicas, por mais tímidas que sejam, que beneficiem os pobres.
Os xingamentos raivosos vociferados pela colunista social, ávida por agradar seu patrão, o Estadão, e seu anfitrião, Banco Itaú, mostram que a elite branca não admite quaisquer políticas públicas, por mais tímidas que sejam, que beneficiem os pobres.
Já é hora de confrontar
esses setores conservadores com mudanças mais profundas em nossa sociedade e na
forma de governar o país. Iniciando com uma assembleia nacional constituinte
exclusiva, que promova uma reforma política imprescindível para fortalecer a
democracia participativa.
É necessário avançar e aprofundar o combate a desigualdade social e econômica existente em nosso país, começando pela taxação das grandes fortunas e sobre as heranças, como acontece nos países chamados de primeiro mundo.
É necessário avançar e aprofundar o combate a desigualdade social e econômica existente em nosso país, começando pela taxação das grandes fortunas e sobre as heranças, como acontece nos países chamados de primeiro mundo.
A presidenta Dilma precisa
estar ciente que a democracia exige políticas que promovam a democratização da
comunicação. Não basta ter o controle remoto nas mãos. Igual às leis que
aboliram a escravidão, seremos o último país do continente a ter uma lei sobre
os meios de comunicação?
É preciso uma reforma agrária que promova a democratização da terra, a soberania alimentar do nosso país e um modelo de agricultura que priorize a produção de alimentos saudáveis, livres de agrotóxicos.
É preciso uma reforma agrária que promova a democratização da terra, a soberania alimentar do nosso país e um modelo de agricultura que priorize a produção de alimentos saudáveis, livres de agrotóxicos.
E uma reforma urbana que
combata a especulação imobiliária e elimine o vergonhoso déficit habitacional
existente. Há também a necessidade, urgente, de uma política educacional e
cultural de valorização dos direitos humanos e de combate a todas as formas de
racismo e homofobia.
Mesmo com reformas como essas, ainda haverá xingamentos e falta de civilidade dos setores mais endinheirados dessa elite branca. Mas serão cada vez mais fracos e de poucos.
Mesmo com reformas como essas, ainda haverá xingamentos e falta de civilidade dos setores mais endinheirados dessa elite branca. Mas serão cada vez mais fracos e de poucos.
Fonte: http://altamiroborges.blogspot.com.br
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