O
futebol mudou. Tornou-se empresa e um dos negócios mais rentáveis do mercado.
Muitos opinam que também se tornou um espaço de lavagem de dinheiro.
Não temos mais os ídolos do passado. Os atuais buscam ganhar o
máximo de dinheiro no tempo mínimo. Alguns jogadores, rapidamente milionários,
aos 25 ou 26 anos já não são a sombra de arte e empenho que tinham aos 17 ou 18
anos. Eles raramente jogam em clubes brasileiros. Alguns, em suas opções, até preferem jogar por outras seleções.
Em todo caso, ganham muito porque muito rendem. O marketing, as
empresas, os negócios, são fábulas astronômicas de grana que eles mobilizam com
suas imagens. Tudo que tocam é sucesso e venda. Quando tudo acaba, às vezes
rapidamente, alguns já estão na pobreza, gastando na mesma velocidade tudo que
ganharam.
Mas, o povo brasileiro também mudou. Hoje somos muito mais
politizados do que na década de 70, por exemplo. As autoridades, de forma
alguma, vão poder fazer campanha eleitoral com nossa paixão pelo futebol.
Portanto, o que está em jogo nessa copa, não são apenas alguns
bilhões gastos em obras faraônicas, algumas inúteis, que pouca utilidade terão
após a copa. Isso pesa, mas não é o decisivo. O que incomoda é que nossa classe
política não se empenha em termos de.
infraestrutura básica, como saneamento,
melhores escolas, melhores hospitais com a mesma gana que se empenham para
realizar uma copa do mundo. Aliás, se há algo que não mudou em nosso país –
salvo as exceções honrosas de sempre - é a classe política.
Não
se pode atribuir a qualidade de nossos representantes ao povo. Ao contrário,
temos nos esforçado com afinco para melhorar nossas representações. Mas, uma
vez no poder, salvo raras exceções, costumam nos dar as costas e repetir a
mesma prática disseminada na velha política. E como dizia Millôr Fernandes,
“ainda não temos direito ao voto retroativo”. Então, fazemos democracia direta,
nas ruas.
É difícil que os brasileiros não torçam por nossa seleção. Pode
ser que alguns, sim. A maioria estará diante da TV – mesmo estando também nas
ruas -, se alegrando com as vitórias e sofrendo nas dificuldades e possíveis
derrotas. Mas, decididamente, nós mudamos. E foi para melhor.
Fonte: cptcg@ig.com.br
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