sábado, 30 de novembro de 2013

Mercadante: raiz da crise é o financiamento privado



Um dos ministros mais graduados do governo Dilma, Aloizio Mercadante, que pode migrar da Educação para a Casa Civil na reforma ministerial de janeiro, foi também o primeiro a falar sobre a recente prisão de dirigentes petistas, como José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares. Segundo ele, a raiz da crise – que atinge todos os partidos políticos – é o modelo atual de financiamento de campanhas políticas. “Não há nenhuma denúncia de enriquecimento pessoal, de apropriação de recursos. O que há é um problema de financiamento das campanhas eleitorais, que lamentavelmente está presente em todos os partidos do Brasil. A origem está em um mecanismo de financiamento que não está bem calibrado", disse ele, em entrevista ao jornalista Pablo Ximénez de Sandoval, do El País. "A democracia tem um custo, e a sociedade tem de assumir isso com transparência. O PT quer o fim do financiamento privado. Há uma dimensão oculta na democracia: as empresas têm interesses políticos, querem financiar partidos, mas não querem aparecer. Não há como financiar uma campanha política no Brasil de forma competitiva, sem esse financiamento. Acho que é um problema internacional.” Segundo Mercadante, o governo federal fez a sua parte, ao propor o plebiscito da reforma política, mas lamenta que o tema não tenha avançado no Congresso. “Os parlamentares têm um alto interesse, eles chegaram com essas regras e não querem mudá-las.” Segundo ele, apenas baratear as campanhas não será suficiente. O remédio definitivo, na sua visão, é o financiamento público de campanhas políticas. “O custo da campanha no Brasil está na televisão. Tomamos muitas medidas para reduzir os custos, mas não é o suficiente. É preciso uma forma de financiamento público e transparente, não há outra solução.”

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