Ex-presidente chamou de hipócritas os críticos do programa que o
taxaram de 'bolsa esmola', quando lançado, em 2003
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nessa quarta-feira
(30), durante solenidade em comemoração aos dez anos do Bolsa Família, em
Brasília, que a ascensão econômica e social dos mais pobres incomoda a elite
brasileira. “Sei que incomoda muita gente este programa, porque os pobres estão
evoluindo em Pernambuco, na Bahia, em Sergipe. estão usando uns maiôs que só
parte da sociedade usava. Agora a empregada chega para trabalhar usando o mesmo
perfume que a patroa, o jardineiro usa o mesmo carro que o patrão, quando chega
ao aeroporto está tudo abarrotado de gente. É duro...”, ironizou Lula. A
cerimônia contou com a presença da presidenta Dilma Rousseff e e diversos
ministros, além de parlamentares, outras autoridades e grupos de beneficiados
do Bolsa Família vindos de várias regiões do país. Segundo Lula, em um
país com um histórico marcado pela exclusão social era de se esperar “dúvidas e
prejulgamentos” em relação a programas sociais. O ex-presidente começou seu
discurso relembrando das muitas críticas que jornalistas, especialistas e
parlamentares fizeram e ainda fazem ao programa. “Um programa que já
atende a quase 14 milhões de famílias é tratado por alguns hipócritas como se
fosse uma corrupção ou fraude sem o menor respeito. Chegaram a dizer que era
bolsa-esmola, que formava mendigos, que era uma tragédia social, fácil de
entrar, mas difícil de sair. Gostaria que hoje estes críticos assistissem a
apresentação feita pela ministra Tereza Campello”, afirmou. Para ele, nenhum
outro programa na história do país teve o impacto do Bolsa Família. “Vivíamos
em um país para ricos e para a classe média, enquanto o resto vivia em uma
não-pátria, desconhecia seus direitos e sua humanidade. O programa integrou ao
Brasil as pessoas marginalizadas do processo econômico, mas apartadas
principalmente dos processos sociais.” Lula voltou a comparar os investimentos
sociais aos gastos com as guerras promovidas pelos Estados Unidos no mundo. “Hoje
sabemos que, além das perdas humanas, a guerra do Iraque consumiu US$ 3
trilhões. Com esse dinheiro seria possível a implantação de programas de
transferência de renda para 1,5 bilhões de pessoas em todo o mundo”, assegurou.
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