Um território não é
algo inerte. Ele é composto pelos atores que interatuam e transacionam bens,
serviços e conhecimentos, seguindo rotinas formal ou informalmente
estabelecidas. O escritor moçambicano Mia Couto explica que “Os lugares não são
coisas. São entidades vivas, possuem um coração que está nas mãos daqueles que
falam com as vozes do chão”. A Coluna
do Desenvolvimento Local tem como objetivo tratar dessas “vozes
do chão” e das pessoas que dão vida aos territórios, principalmente os
empresários de pequenos negócios e a rede de apoio (Agente de Desenvolvimento,
prefeitos, vereadores, associações comerciais etc.). É preciso ter em mente que
o desenvolvimento local depende da coordenação dessa rede de diversos atores
que vivem no território. O pesquisador Francisco Albuquerque, da Direção
Desenvolvimento e Gestão Local do Instituto Latino americano e do Caribe de
Planejamento Econômico e Social (ILPES), defende que “o desenvolvimento não é o
resultado da busca de equilíbrios irreais de grandes agregados estatísticos
macroeconômicos, mas é fruto dos diversos esforços e compromissos dos atores
sociais em seus territórios e meio ambientes concretos”. Em outras palavras,
todo processo de desenvolvimento acontece localmente, pois é nos territórios
que ocorre a atividade produtiva. Logo, qualquer estratégia macroeconômica
sempre estará vinculada à implementação de tal plano em algum território
específico. Contudo, apesar de sua importância, os agentes locais muitas vezes
não são levados em conta no momento da formulação de planos de desenvolvimento.
Por isso, este espaço visa dar visibilidade às ações de desenvolvimento econômico
local, focando nos empreendedores e nos agentes públicos local. Para que o país
possa crescer de forma sustentável, é preciso dar autonomia e fortalecer os
municípios, focando no processo de desenvolvimento bottom-up, de baixo para cima, para que se
possam aproveitar as potencialidades de cada região. Qualquer outra abordagem
terá um efeito uniformizador, que desrespeitará as peculiaridades de cada
território. Quando isso acontece, perde-se a riqueza que a variedade de
culturas pode acrescentar ao processo de desenvolvimento. Nosso objetivo é
estimular que “as vozes do chão” sejam cada vez mais ouvidas e que os
territórios passem a pautar as políticas de desenvolvimento, para que se possa
ter um crescimento mais sustentável e inclusivo, que entenda melhor o coração de
cada cidade.
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