Não é por que um jornalista da Folha
está mostrando como a Globo está preparando o golpe, que a vamos
acreditar que o jornal está apenas fazendo cobertura isenta sobre as
manifestações. Não está. A Folha está junto com a Globo no golpe.
Leiam o que diz o jornalista Nelson de Sá.
A transmissão começou quatro horas antes de William Bonner, atordoado,
anunciar formalmente a abertura do "Jornal Nacional". Às 20h30,
sem escalada de manchetes, anotou tão somente: "As notícias mais
importantes estão transcorrendo diante dos seus olhos". As
manifestações pelo país derrubaram a grade do horário nobre na maior TV do
país. Como vinha ocorrendo desde a manifestação de segunda-feira em São Paulo,
quando os ativistas chegaram às portas da própria Globo, âncoras e
apresentadores procuraram defender os protestos, nas primeiras horas. As
palavras-chave, repetidas diante das primeiras cenas de violência, eram
"pequena confusão", "pequeno grupo". No mais,
"manifestação tranquila", até mesmo "absolutamente pacífica".
Nos outros canais, como a próprio Globo News e a Record, com o "Cidade
Alerta", a narração já era diferente, com as imagens do Rio. Enquanto
o Rio começava a queimar, a Globo saltava de Recife para Campo Grande e Belém,
onde estava tudo tranquilo, até que, nesta última: "Agora a gente vê um
corre-corre. A gente escutou uma explosão. Várias explosões". Parecia não
haver mais cidade com os protestos tranquilos buscados pela Globo. A Globo
News chegou a abrir três telas simultâneas, com três conflitos de rua. E a
“Cidade Alerta" entrou então com as imagens do incêndio do carro do SBT,
no Rio. Uma hora antes das 20h30 regulamentares, Bonner surgiu na tela,
substituindo Patrícia Poeta na narração. Disse que estava até ali
preparando o "JN", mas que "a essa altura não faz sentido".
E soltou um editorial improvisado, sobre o carro do SBT: "O trabalho da
imprensa é para dar voz aos manifestantes, mas uma minoria tenta
intimidar". Daí por diante, a locução foi tomada por "cordão de
isolamento", "spray de pimenta", "explosões", com
críticas crescentes aos "grupos infiltrados", aos
"vândalos". Perto do fim do "JN", entrou um pouco de
futebol, acompanhado do intervalo comercial correspondente. A grade só foi
voltar ao normal em parte com a novela das nove.
Fonte: blog os amigos do presidente lula
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