sábado, 27 de abril de 2013

POR GISA VEIGA: MUITA REDE PARA POUCO PEIXE; ANÍSIO PODE PERDER O MANDATO


Há algumas semanas escrevi uma coluna - “O peixe da discórdia” em que comentava sobre e-mail do chefe de gabinete da Secretaria de Desenvolvimento Social, Anísio Maia Filho, que informava ao pai, deputado Anísio Maia, e ao vereador Fuba sobre o programa de distribuição de peixes durante a Semana Santa e como se poderia tirar proveito político do evento. Pois bem, a discórdia é maior do que imaginei. Recebo farto material do pescador Antônio Bento, residente no sítio Campos, a 6 quilômetros de Caraúbas, informando supostas irregularidades envolvendo a política de pesca naquele município. Segundo ele, pescadores profissionais estariam sendo preteridos no seguro-defeso por outras pessoas que nada teriam a ver com a atividade. Envia, em anexo, relação de beneficiados com indícios de fraude. Até o vice-prefeito, Pedro da Silva Neves, já apareceu na lista. Além disso, um vereador de Caraúbas, Fábio Pereira do Nascimento, teria recebido o seguro pela relação de pescadores do município do Congo. Esses dois, no entanto, não constam da lista atual do Portal da Transparência. Outro citado pelo pescador que não aparece na relação deste ano é o do sobrinho do vice-prefeito, João Ricardo Neves. Veja relação em www.portaltransparencia.gov.br/ 18 “Em Caraúbas há nepotismo com o seguro-defeso”, me disse o pescador, apontando os parentes do vice-prefeito. Ele também estranhou a votação de Anísio Maia naquele município, uma vez que o deputado não tem serviços prestados à comunidade. Foram 517 votos, resultado próximo à votação de Cássio Cunha Lima para senador – 738, sendo que o tucano tem fortes ligações políticas com o município. De onde viria, então, a votação de Anísio? Esse é o questionamento do pescador, que desconfia do uso político do programa do governo federal. Segundo a fonte da coluna, os indícios de fraude nas colônias de pescadores do Congo e Caraúbas teriam aparecido em 2010. Na época, o deputado Anísio Maia aliou-se ao atual vice-prefeito. Da relação atualizada constam os nomes de seu filho, Pedro da Silva Neves Júnior; da filha, Poliana Monalice da Silva; do irmão, João da Silva Neves; e dos cunhados, José Batista de Assis e José Maurício Basílio de Farias. Uma farra em família! Ou seja, se não houve nenhum erro de datilografia ou surpreendentes homônimos, dinheiro do programa estaria financiando as campanhas de alguns políticos, além de familiares e eleitores, já que na relação também constariam comerciantes, funcionários da prefeitura e pessoas residentes em outros municípios, como Santa Cruz de Capiberibe, em Pernambuco, e Congo. Tudo isso, é claro, precisa ser apurado. Daí porque os verbos colocados nestes comentários estão no futuro do pretérito – estariam, teriam... Mas que tem algo mal explicado, ah, isso tem. A começar pelo número de “pescadores” inscritos no programa – mais de 300 -, quando os mananciais da localidade não comportariam tanto. Ou seja, ao invés da multiplicação dos peixes, vale a multiplicação dos pescadores. Em tempo: as denúncias já foram protocoladas no Ministério Público Federal e Polícia Federal. Por enquanto, são apenas denúncias. A comprovação – ou não – somente se dará após a conclusão das investigações do MPF e PF. Em tempo 2 – Tentei falar com o deputado Anísio Maia pelo telefone 8770-7319, mas estava fora de área. Em tempo 3 – Tentei falar com o vice-prefeito de Caraúbas pelo telefone 8608-8400, mas também estava fora de área ou desligado.

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