Há algumas
semanas escrevi uma coluna - “O peixe da discórdia” em que comentava sobre
e-mail do chefe de gabinete da Secretaria de Desenvolvimento Social, Anísio
Maia Filho, que informava ao pai, deputado Anísio Maia, e ao vereador Fuba
sobre o programa de distribuição de peixes durante a Semana Santa e como se
poderia tirar proveito político do evento. Pois bem, a discórdia é maior do que
imaginei. Recebo farto material do pescador Antônio Bento, residente no sítio
Campos, a 6 quilômetros de Caraúbas, informando supostas irregularidades
envolvendo a política de pesca naquele município. Segundo ele, pescadores
profissionais estariam sendo preteridos no seguro-defeso por
outras pessoas que nada teriam a ver com a atividade. Envia, em anexo, relação
de beneficiados com indícios de fraude. Até o vice-prefeito, Pedro da Silva
Neves, já apareceu na lista. Além disso, um vereador de Caraúbas, Fábio Pereira
do Nascimento, teria recebido o seguro pela relação de pescadores do município
do Congo. Esses dois, no entanto, não constam da lista atual do Portal da
Transparência. Outro citado pelo pescador que não aparece na relação deste ano
é o do sobrinho do vice-prefeito, João Ricardo Neves. Veja relação em www.portaltransparencia.gov.br/ 18 “Em Caraúbas há nepotismo com o seguro-defeso”, me disse o pescador, apontando
os parentes do vice-prefeito. Ele também estranhou a votação de Anísio Maia
naquele município, uma vez que o deputado não tem serviços prestados à
comunidade. Foram 517 votos, resultado próximo à votação de Cássio Cunha Lima
para senador – 738, sendo que o tucano tem fortes ligações políticas com o
município. De onde viria, então, a votação de Anísio? Esse é o questionamento
do pescador, que desconfia do uso político do programa do governo federal. Segundo
a fonte da coluna, os indícios de fraude nas colônias de pescadores do Congo e
Caraúbas teriam aparecido em 2010. Na época, o deputado Anísio Maia aliou-se ao
atual vice-prefeito. Da relação atualizada constam os nomes de seu filho, Pedro
da Silva Neves Júnior; da filha, Poliana Monalice da Silva; do irmão, João da
Silva Neves; e dos cunhados, José Batista de Assis e José Maurício Basílio de
Farias. Uma farra em família! Ou seja, se não houve nenhum erro de datilografia
ou surpreendentes homônimos, dinheiro do programa
estaria financiando as campanhas de alguns políticos, além de familiares e
eleitores, já que na relação também constariam comerciantes, funcionários da
prefeitura e pessoas residentes em outros municípios, como Santa Cruz de
Capiberibe, em Pernambuco, e Congo. Tudo isso, é claro, precisa ser apurado.
Daí porque os verbos colocados nestes comentários estão no futuro do pretérito
– estariam, teriam... Mas que tem algo mal explicado, ah, isso tem. A começar
pelo número de “pescadores” inscritos no programa – mais de 300 -, quando os
mananciais da localidade não comportariam tanto. Ou seja, ao invés da
multiplicação dos peixes, vale a multiplicação dos pescadores. Em tempo: as
denúncias já foram protocoladas no Ministério Público Federal e Polícia
Federal. Por enquanto, são apenas denúncias. A comprovação – ou não – somente
se dará após a conclusão das investigações do MPF e PF. Em tempo 2 – Tentei falar
com o deputado Anísio Maia pelo telefone 8770-7319, mas estava fora de área. Em
tempo 3 – Tentei falar com o vice-prefeito de Caraúbas pelo telefone 8608-8400,
mas também estava fora de área ou desligado.
Fonte: www.basiliocarneiro.com.br
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